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Terceiro olhar sobre a obra de Shakal e Renato lançado neste sábado em Miradouro

Por Tiago Ornelas | Casas e Matas

Palavras e imagens alcançam pontos distintos da alma: se por um lado há quem diga que uma imagem vale mais que mil palavras, por outro só elas conseguem explicar aquilo que os olhos não veem.

Recebi a cópia do livro “Dois olhares sobre o monte” de Renato Mata e Shakal Carlos num domingo de manhã. O que se nota de cara é a beleza da publicação, feita de modo a reproduzir com fidelidade o trabalho de ambos os artistas.

Foto: Shakal Carlos

Por mania da profissão, acostumado a folhear os encadernados de trás pra frente, desafio a ordem proposta e começo do fim. As imagens saltam aos olhos e inevitavelmente as cores chamam a atenção dos meus pais ao lado. Passeamos juntos pelo livro, eles por sobre meus ombros numa mistura de admiração e curiosidade de quem, com certeza, já passou por alguma daquelas paisagens.

Subitamente me dou conta do pecado e fecho o livro: “a experiência deve ser completa, preciso ler na ordem correta”, penso.

O livro que recebi será lançado, às 9 h, deste sábado, dia 2 de abril de 2022, na Casa de Cultura Serra do Brigadeiro, em Miradouro. Publicado, ele promete no título entregar dois olhares sobre o monte, mas entrega muito mais: o terceiro olhar, o meu, se juntará a todos os outros que passarem pela experiência da leitura.

Sobre o monte, o Alverne que é sobrenome mas também é geografia, o livro falará o bastante. Nesta coluna quero falar sobre os artistas e sobre a minha experiência quando pus meus olhos sobre a obra.

Quanto ao Shakal, conheço-o de longa data, mas sinto também que conheço Renato através da forma que ele estrutura os parágrafos e pela narrativa com conteúdo de quem parece ter muito o que contar. A impressão que tenho é que, embora o texto tenha ficado de excelente tamanho, poderia ler o que ele tem a dizer por muitas páginas a mais.

Lembro bem de uma entrevista de um escritor famoso que revelava a importância de criar o ambiente, construir vínculos, para só então entregar a mensagem. Renato faz isso com muita habilidade e, por isso, percebi durante a leitura o meu vínculo com Monte Alverne crescer.

Se as imagens te dão vontade de visitar o lugar, as palavras te levam até lá sem as barreiras do tempo e por isso a ordem do livro foi uma escolha inteligentíssima. Poderiam ter escolhido ilustrar o texto com as fotos, mas não: as duas obras são artes distintas e devem ser absorvidas em velocidade e forma diferentes para que, somadas, criem a experiência completa.

Enquanto as palavras vão, parágrafo a parágrafo, se amontoando para construir e dar sentido, a imagem traz a conexão imediata e impressiona. Mas quanto da imagem se perderia sem uma história por trás? E, por outro lado, quanto se perderia das palavras se as imagens lá não estivessem?

O talento do Shakal chama a atenção, assim como chamou a do meu pai que não conseguia entender como cenas do cotidiano podiam ser tão lindas. “São lindas, basta que a vejamos com os olhos do artista”, disse a ele. Que bom que meu amigo emprestou o seu olhar tão generoso com a natureza de Deus e do homem neste livro.

Renato e Shakal fizeram um trabalho incrível nesta obra e, para mim, o principal é que ela pode ser aproveitada de formas diferentes e, com certeza, criará impressões distintas para todo tipo de pessoa e cada tipo de olhar.

Recomendo, para enriquecer o conhecimento sobre nossa região e para aumentar o nosso vínculo com nossa terra, que a gente consuma e produza mais cultura que é nossa. Recomendo, portanto, que você leia o livro e que Renato e Shakal continuem o trabalho.

Para adquirir o livro, entre em contato com o Portal Serra do Brigadeiro através dos contatos disponibilizados neste mesmo endereço e, se puder, prestigie o lançamento.

abril 2, 2022
Casas e Matas
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